Você trouxe luz aos meus dias...





Não sabia exatamente como chegar até você, pois da mesma maneira que as redes sociais nos trazem acesso ilimitado sobre o mundo elas nos cegam.

Era uma terça-feira comum de folga, enquanto estava sentada na praça de alimentação lotada na hora do almoço, eu pensava em desistir das minhas mudanças, pensava que eu era mais feliz (leia-se segura e emocionalmente estável), achava que tinha controle real da minha vida, mas a verdade é que eu não tinha exatamente uma vida, eu apenas seguia um roteiro. Levante, trabalhe, sorria e volte para casa, às coisas até funcionavam assim, mas não tinha nenhuma emoção real.

As terças geralmente eram dias dedicados a mim, almoço no shopping, fazer as unhas, ir ao cinema e a noite encontrar as amigas no bar, sim, bar na terça era algo que estava no roteiro, mas essa terça especificamente dia dezessete do meu mês favorito foi um tanto excêntrica. Eu abri um daqueles pacotes de batinha Ruffles, e a primeira batata que eu peguei veio em formato de um coração, eu que estava sentada ali desistindo desses amores mal encontrados e apenas pensei: “se até em um pacote de batatinhas existe amor porque desistir tão fácil assim?”, sem nem terminar de comer as minhas batatinhas, meu celular toca e pela primeira vez eu recebi uma mensagem sua, eu que acredito em signos, estrelas, destinos, caminhos, eu que olhei o celular e achei que aquilo era alguma mensagem subliminar da minha própria vida me dando mais uma chance de acreditar que o amor está por ai, só bastava me permitir.

Se há seis meses alguém me dissesse que eu encontraria o amor eu jamais acreditaria, porque a verdade é que eu não estava pronta, a verdade é que eu não sabia mais se podia sentir amor.
Eu me reconheci, me descobri, me permiti muito mais nesses últimos meses do que jamais vivi nos últimos anos. Realmente dancei sem me importar com ninguém olhando. Realmente mostrei eu mesma pedacinho por pedacinho. Abri meu coração e minha alma, deixei que você visse todo o caos que ainda habita em mim. Contei sobre todos os meus medos, traumas e todas as inseguranças. Fui eu por inteira, fui excesso, transbordei.

Na escuridão que habitava em mim havia uma luz bem distante e que dia após dia brilhava mais e mais e me fazia olhar minha vida com outros olhos, me fazia ver beleza, esperança e por mais medo que eu sentisse, me fazia ver que existia tanto amor guardado em mim.

Todas as vezes que eu estava com você eu queria passar o tempo todo te ouvindo e te admirando, como se fosse fixando você em mim pouco a pouco. Eu tinha tanto a falar e sempre travava na sua frente.

Você trouxe luz para os meus dias, literalmente. Fez eu ver tudo menos complicado, trouxe de volta minha intensidade, me fez ser paciente, aprender a ser calma, encarar a terapia como algo que nos ajuda e não uma coisa negativa e muitas vezes acreditou em mim em dias que eu não fui capaz.

Evidente que não são apenas coisas boas que aconteceram, no meio de todas essas descobertas houve tantas e tantas lágrimas, eu me desconectei comigo mesma, não aceitei bem algumas mudanças, não compreendi que muitas vezes são necessárias, e por um tempo me perdi, e foi ai que te perdi também. Foram dias longos mais que o normal, noites de insônia, crises de ansiedade em plena luz do dia. Algumas boas garrafas de vinho na luz melancólica do meu quarto e foi ai que eu aprendi a transbordar a qualquer momento.

Eu não queria te perder depois de ter passado tanto tempo para me encontrar. Eu não queria me despedir. E foi por isso que eu te procurei, era uma terça-feira, dia de bar com as amigas como de costume, mas pela primeira vez eu não queria estar ali, estava sentindo sua falta, há um mês a gente não sabia um do outro e eu sentia muito a falta de falar com você, dos conselhos, das vezes que me fazia rir, mas você estava diferente, frio, distante e cheio de problemas. No meio de tudo isso eu quis ficar, procurei algum espaço em você que ainda quisesse a minha presença. E do meu jeito eu fui ficando e do nosso jeito a gente vai se entendendo.

Só vai ficando, assim mesmo, desse nosso jeito doido de encarar os dias. Não recua. Não se fecha. Se abre mais, assim como você me despertou. E não se esquece que eu preciso de você inteiro, ou quebrado, seja lá como está tudo dentro de você nesse momento. Eu só preciso de você do seu jeito, seja ele qual for.

Se eu posso realmente agradecer é porque eu achava que você era a luz que eu via bem distante na minha escuridão, mas não, você é a luz que se acendeu para me ajudar a encontrar minha própria luz.
  










**Foto da tattoo que fiz ontem para marcar todas as emoções que tenho vivido nessa fase.




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